“Pai, leva meu corpo para casa”, disse pescador que morreu à deriva no ES
Dimitri Xavier Cardoso, de 31 anos, estava com o pai, e outros dois pescadores na embarcação que naufragou e foi localizada na tarde de sábado (25) em Guriri, em São Mateus
O pescador Dimitri Xavier Cardoso, de 31 anos, morreu à deriva do mar após a embarcação em que ele estava naufragou em São Mateus.
As últimas palavras que o pescador Dimitri Xavier Cardoso, de 31 anos, disse ao pai, Devalter Cardoso Xavier, foram em um pedido difícil: “Pai leva meu corpo para casa, para minha mãe”. Os dois, junto com outros dois pescadores, estavam na embarcação que naufragou em alto-mar e foi localizada na tarde de sábado (25) em Guriri, em São Mateus, no litoral Norte do Espírito Santo. Os quatro passaram cerca de 10 dias no mar. Dimitri não resistiu e morreu. O pai cumpriu o último pedido feito pelo filho.
Nós soltamos o corpo dele das cordas. O pai tinha amarrado para que o mar não levasse ele embora. Foi o último pedido que ele fez: ‘pai leva meu corpo para casa, para minha mãe’. Um pai ver um filho morrer é difícil
O relato foi feito pelo próprio pai de Dimitri para o pescador Rodrigo Miguel de Oliveira, que estava na embarcação que localizou o barco à deriva. O grupo foi resgatado por outra embarcação a cerca de 20 km ao sul de Guriri. No barco também estavam Odvan Emanuel Ferreira da Silva Xavier, primo de Dimitri, e um quarto pescador, funcionário do barco, que não teve o nome divulgado.
“De longe um dos rapazes estava com um pedaço de pano abanando. Nós conseguimos ver uma embarcação bem pequena, achávamos que era uma lancha. Quando chegamos perto, eles estavam em desespero: ‘salva nós, salva nós”, contou Rodrigo para o repórter Sergio Júnior da TV Gazeta Norte.
O pescador conta que eles retiraram os homens do casco do barco, e também o corpo de Dimitri, que estava amarrado por cordas. “Eles contaram algumas coisas para nós, mas estavam muito debilitados, então não perguntamos muito, deixamos eles em repouso”, afirmou.
Três pescadores foram resgatados em São Mateus, após ficarem duas semanas a deriva.
O naufrágio
Segundo a família, os quatro pescadores saíram de Alcobaça, no Sul da Bahia, na tarde do dia 15 de fevereiro. Após algum tempo no mar, a embarcação teria tombado após ser atingida por uma forte onda.
“Ele [Odvan] falou comigo: "Sogra, só sei que quando me passaram o leme, o barco balançava muito de um lado só. A gente tentou reverter, mas não obedecia. Aí foi quando veio uma vaga de mar (onda) e a gente tombou”, relata Valquíria Nunes Gabriel, sogra do Odvan, um dos sobreviventes.
Após o barco virar, o pescador chegou a mergulhar em busca de comida para que o grupo pudesse sobreviver. “Eu peguei muito biscoito, mas biscoito molhado com óleo de motor [...] A gente comia os biscoitos com óleo mesmo”, relatou Odvan para Valquíria.
De acordo com o relato dos pescadores à família, Dimitri faleceu após cinco dias à deriva, por não suportar a fome. Eles não souberam precisar se passaram dez ou mais dias à deriva.
Depois do resgate, os três pescadores sobreviventes foram levados para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Roberto Arnizaut Silvares, em São Mateus, onde continuam internados. A reportagem apurou ainda que o funcionário do barco é de Vitória. Odvan era de Marataízes, enquanto Devalter e o filho eram de Itapemirim, ambos município do Sul do Estado.
Dimitri e os familiares pescavam há muito tempo e a embarcação era da família. A esposa de Odvan, primo do pescador que morreu, conta que eles costumavam passar de 5 a 6 dias no mar. Ela estranhou a demora do marido em voltar e tentou falar com a rádio que do barco, mas eles não conseguiram contato com a embarcação.
O corpo de Dimitri, que estava no Serviço Médico Legal (SML) de Linhares, foi encaminhado para ser analisado na cidade de Vitória, pois está em estado de decomposição avançado.
A Capitania dos Portos foi procurada pela reportagem de A Gazeta, mas ainda não houve retorno.
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